Transparência Internacional comemora 20 anos

A Transparência Internacional está celebrando vinte anos em 2013. Vinte anos atrás subornos internacionais eram comuns e faziam parte da rotina de corporações multinacionais em muitos países, não existia nenhuma maneira de medir a  corrupção em escala global e poucos líderes perdiam seus cargos por cometerem atos de corrupção.

Organizações e empresas internacionais não tinham o foco de promover a transparência e combater a corrupção, nem havia um acordo global entre países com o objetivo de parar com o suborno e a corrupção.

Desde então, muita coisa mudou e hoje a corrupção já não deixou de ser tabu para ser um dos maiores desafios sociais do mundo. Aqueles que lutam para acabar com o abuso de poder,com as relações secretas e com os subornos conseguiram derrubar governos do Egito ao Peru.

Não só um, mas dois acordos globais entre governos de todo o mundo foram firmados, procurando acabar com o suborno internacional e a corrupção. A corrupção não se limita as fronteiras internacionais, tornando a Convenção Anti-Suborno da OCDE (OECD Anti-Bribery Convention) e a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção importantes ferramentas de combate a este crime. A Transparência Internacional desempenhou importante papel em todas essas mudanças e sua atuação a levou há muitos lugares, inclusive nos corredores do poder onde a organização trabalha por leis mais transparentes e para que as pessoas saibam de onde está vindo o dinheiro, como ele é gasto e por quem.

Isso levou a Transparência Internacional a conhecer casos, como o de um pequeno escritório de advocacia na região rural da Índia, onde um pai denuncia o pedido de suborno de um professor da escola da filha, que lhe pediu 500 rupias (18 reais) para aprovar a garota e entregar a ela seu diploma.

A Transparência Internacional ajudou a salvar a vidas e bilhões de dólares que eram desviados, descobrindo e divulgando contratos falsos e promovendo a realização de processos abertos e transparentes de licitação.

Tudo começou em 1993 quando Peter Eigen fundou a organização. Funcionário antigo do Banco Mundial, Eigen fez uma campanha dentro da instituição e em sua comunidade para o entendimento de como a corrupção destruía projetos de combate à pobreza em muitos dos países mais pobres do mundo. No nível pessoal Eigen recebeu muitos incentivos e motivação, porém as instituições resistiram. Chefes e supervisores lhe disseram que a corrupção era muito quente para ser parada. E Eigen decidiu que era hora de agir.

Em fevereiro de 1993, Eigen e um grupo de 20 aliados de cerca de 12 países se reuniram em Haia, nos Países Baixos, para aprovar o documento que deu origem a Transparência Internacional. Em maio foi realizada uma conferência em Berlin e a organização iniciou sua longa luta contra relações secretas, suborno e abuso de poder.

Após 2 décadas é hora de olhar para frente e perguntar onde estaremos nos próximos 20 anos e o que precisamos fazer para chegar lá.

Uma importante pista para o futuro está nos eventos dos últimos dois anos, quando os cidadãos da Praça Tahrir, no Egito, até a Wall Street, em Nova York, decidiram dizer “basta!”, derrubando regimes corruptos e exigindo o fim de corporações mundiais que representam riscos para a economia global.

A luta contra a corrupção não pode mais ocorrer somente nos corredores do governo, e sim a partir de uma grande mobilização dos cidadãos, envolvendo as empresas, as organizações não governamentais e os fãs do futebol.

Como vimos no Cairo e no movimento Occupy Wall Street, a tecnologia será cada vez mais utilizada para unir as pessoas nesses desafios, visando quebrar o status quo.

Olhando para o futuro, a Transparência Internacional irá orientar e apoiar cada vez mais de perto os cidadãos e cidadãs de todo o mundo, para que saibam o que eles podem fazer para se levantar contra e resistir a corrupção.

A Amarribo Brasil é a organização de contato da Transparência Internacional no Brasil.

Transparency International
Chris Sanders – Manager, Media and Public Relations