Decisões do Supremo e do Senado decepcionam a cidadania atuante

Acabou que a posição do ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, foi na direção de um legalismo estilo “doa-a-quem-doer” de quem, anacronicamente, acredita que a voz das ruas não tem nada a ver com os trabalhos de uma corte de Justiça.

Mas quem estava achando isso o fim do mundo, pode esperar porque vem mais por aí. Praticamente ao mesmo tempo desse vexame patrocinado pelo Supremo, o Senado Federal também deu o ar de sua graça, ao aprovar o PLS 441/2012, de autoria do senador Romero Jucá, que trata da chamada minirreforma eleitoral. Ou a “nano-reforma eleitoral”, como a ela se referiu o senador Eduardo Suplicy (SP).

Depois de muitas discussões na Comissão de Constituição e Justiça (note-se que o nome completo também inclui a palavra “Cidadania” mas, por motivos óbvios, nos recusamos a reconhecer as recentes ações da comissão como sendo alinhadas à cidadania), e no plenário, nossos nobres senadores chegaram ao texto final. Um texto fraco, que prefere mais tratar de tamanho de adesivos políticos em carros do que de temas que sejam realmente transformadores de nossa representação, nossa cultura e até mesmo nossos costumes políticos, como o financiamento de campanhas, a fidelidade partidária, o sistema de voto e por aí vai.

Dentre as muitas pérolas, uma se sobressai pelo cinismo diante das manifestações nas ruas. Nas palavras do próprio autor do projeto, senador Romero Jucá: “concessionárias e permissionárias de serviços públicos continuam proibidas de fazer doações de campanha. O que muda é que empresas privadas que integrem consórcios de empresas detentoras de concessão ou permissão pública ficam autorizadas a fazer doações para campanhas individualmente”. É para rir? Com certeza não. Ora, se o objetivo é disciplinar o uso de dinheiro público em campanhas políticas, alguém em sã consciência vai acreditar que “empresas privadas que integrem consórcios de empresas concessionárias” não dá na mesma que doações feitas pelas próprias concessionárias? Como se todo o dinheiro que as irrigasse não tivesse a mesma fonte: a administração pública.

Mais uma vez alertamos a sociedade de que a verdadeira reforma política – madura, ética e transparente – não vai sair das cabeças iluminadas dos nossos políticos. Vai sair, sim, da pressão dos verdadeiros agentes de cidadania na sociedade, os cidadãos conscientes e atuantes, que desejam colaborar com propostas e iniciativas. Como a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, liderada pelo Movimento de Combate à Corrupção eleitoral, o MCCE, e com atuação conjunta da Plataforma pela Reforma Política, da OAB, da CNBB e dezenas de outras grandes e importantes organizações da sociedade.

Vocês podem conhecer os detalhes, saber quem está por trás do movimento, baixar o formulário de adesão para distribuir em sua região e até assinar on-line o manifesto na página eletrônica desenvolvida pelo IBPT e o Instituto Atuação: a www.eleicoeslimpas.org.br.

Vale a pena acessar também o manifesto em repúdio a esta mirreforma eleitoral, recém-divulgado pela Articulação Brasileira de Combate à Corrupção e Impunidade, a ABRACCI e se enviar um e-mail cobrando os deputados para votarem contra: http://goo.gl/gMwgRY.

O Supremo Tribunal Federal e o Senado decepcionaram? Pois não podemos ficar sentados choramingando. Vamos participar e lutar por uma reforma política alinhada de fato com os anseios da sociedade!

Por Jorge Maranhão – A Voz do Cidadão

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Solicite o posicionamento do seu deputado contra a “Minirreforma Eleitoral”!

O PLS 441/2012, também chamado de "minirreforma eleitoral", ao lado de outros projetos, significa um verdadeiro retrocesso para o regime democrático brasileiro e para a luta contra a corrupção e a impunidade.  

A proposta em discussão, que foi apresentada pelo deputado Romério Jucá (PMDB-RR) e foi aprovada pelo Senado Federal e agora volta para a Câmara para ser votada. O Projeto não corrige de forma alguma as distorções do sistema político e ainda atenta contra a Lei da Ficha Limpa, autorizando a candidatura de quem teve as contas rejeitadas pela Justiça Eleitoral. O texto reduz os mecanismos de controle e a transparência do processo eleitoral, é tolerante com a corrupção e favorece o abuso do poder econômico. Tal proposta foi formulada sem transparência e sem qualquer participação da sociedade civil que deixou claro querer participar diretamente e ser informada. Os parlamentares vão na (contra-mão) contramão do que pede a sociedade ao aprovarem esse projeto.

A sociedade, mais uma vez, precisa pressionar para garantir que este projeto não seja aprovado!

Escreva para os deputados e solicite que se manifestem e votem contra o PLS 441/2012! Se preferir, escreva para os deputados do estado onde você é eleitor. Obtenha os endereços de e-mail dos deputados (para copiar e colar) neste link ou então (dados completos) acessando aqui.

Se desejar use a mensagem-modelo abaixo:

Assunto: PLLS 441/2012 – Um retrocesso

Exmo. Deputado,

Solicito à V. Exa. que informe sua posição sobre o PLS 441/2012, que está pronto para votação e que reduz os mecanismos de controle e a transparência do processo eleitoral, é tolerante com a corrupção e favorece o abuso do poder econômico, além de ter sido formulado sem transparência e participação da sociedade.

Peço que V. Exa. vote CONTRA O PLS 441/2012. A proposta significa um retrocesso para o regime democrático brasileiro e para a luta contra a corrupção e a impunidade.

Me junto aos milhares de cidadão que já manifestaram repúdio a esta proposta por meio de abaixo-assinados e protestos por todo o país.

Respeitosamente,
(NOME, CIDADE – ESTADO)

Via ABRACCI

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Reforma dos políticos é apenas eleitoral, e não política

“É muito importante que os cidadãos mais conscientes fiquem atentos à verdadeira reforma política, que só tem condições de sair através das entidades da sociedade”

Aos poucos ficamos sabendo pelos noticiários o que andam aprontando nossos políticos em relação ao que está sendo chamado de “minirreforma eleitoral”. Apesar de a própria Câmara ter preparado o seu portal e-Democracia para receber sugestões dos cidadãos, parece que as coisas não vão ser tão fáceis assim. Pelos resultados das informações do portal, as principais reivindicações são pelo fim do voto secreto em todas as votações no Congresso e do voto livre nas eleições.

Também tivemos esta semana a divulgação da pesquisa MCCE/OAB, encomendada ao Ibope, que veio revelar que impressionantes 85% dos cidadãos entrevistados quer uma reforma política. O detalhe é que quase a totalidade dos participantes da pesquisa não quer o Congresso Nacional cuidando sozinho dessa reforma. Um firme percentual de 92% quer reforma política por meio de projeto de lei de iniciativa popular, e não lei originária dos nossos parlamentares.

Infelizmente, nossos políticos pensam de forma diferente e os termos da proposta em discussão no grupo de trabalho liderado pelo deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) vão na direção de uma reforma apenas eleitoral e não política. Daí algumas “pérolas”, como um dos artigos que determina que um candidato não pode ser responsabilizado por crime praticado por integrante da campanha, salvo se provada sua participação intencional. Ou a “flexibilização” da comprovação de gastos de campanha, bastando, para isso, que o político apresente tais despesas na internet, sem necessidade de apresentar documentos comprobatórios.

Por essas e outras é muito importante que os cidadãos mais conscientes fiquem atentos à verdadeira reforma política, que só tem condições de sair através das entidades da sociedade. Por exemplo, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política está realizando até domingo a Semana Nacional de Coleta de assinaturas da Iniciativa Popular da Reforma Politica, com o seguinte alerta: “corremos o risco de o Congresso Nacional votar uma minirreforma eleitoral na contramão de tudo o que defendemos e acreditamos”. Acessem o reformapolitica.org.br e conheçam detalhes dessa proposta.

Também vale conhecer outra proposta vinda da sociedade, chamada de campanha Eleições Limpas, criada pelas mais de 50 entidades integrantes do MCCE. Essas duas propostas já foram comentadas aqui anteriormente.

Outra grande rede de organizações da sociedade civil, a Articulação Brasileira de Combate à Corrupção e a Impunidade (Abracci), composta por 54 entidades dedicadas ao monitoramento de governos e ao combate à corrupção, está lançando um firme manifesto contra a minirreforma eleitoral. Mais uma clara resposta da sociedade aos políticos que teimam em ignorar a chamada “voz das ruas”.

É nosso dever máximo de cidadania nos manifestar sobre uma reforma – seja política ou meramente eleitoral – que atente tão profundamente contra os princípios mais básicos da cidadania e da verdadeira representação política. Precisamos continuar de olho!

Originalmente publicado em Congresso em Foco.

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