Jurista Baltazar Garzón diz que sigilo bancário em momento de crise mundial é uma vergonha

No último dia da conferência internacional de combate a corrupção, realizada em Brasília, advogado espanhol defende também a atuação dos jornalistas investigativos

Brasília, 10 de novembro de 2012 – Na plenária "O poder das pessoas, transições e corrupção: Qual é o nosso papel?", realizada no último dia da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília, o jurista espanhol Baltasar Garzón destacou que os paraísos fiscais são grandes entraves para o combate à corrupção. "Não podemos aceitar que, depois de dez anos estudando esse problema, a União Européia ainda não tenha tomado uma decisão". Sobre a divulgação ilegal de dados bancários de pessoas suspeitas de corrupção, o jurista espanhol declarou que "defender o sigilo bancário em um momento de crise mundial é uma vergonha".

Para Garzón, responsável pela prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, um problema que afeta todo o mundo não pode ficar restrito apenas às leis de cada país e que um acordo internacional sobre o tema é imprescindível. O jurista, que é também advogado do fundador do site Wikileaks, Julian Assange, acredita também na importância da imprensa livre para a democracia. "Devemos defender os jornalistas investigativos contra as as ameças sistemáticas que eles recebem", afirmou.

SAÚDE – Em outra palestra, realizada também no período da manhã, com o tema "Mobilização Social e Sistemas de Informação", o presidente do Conselho Administrativo da AMARRIBO BRASIL, Jorge Sanchez, relatou que o desvio de verbas públicas afeta toda a população brasileira e um dos setores mais críticos é a área da saúde. Para mudar esse cenário, é fundamental "contar com a participação efetiva dos moradores para fortalecer a democracia". Sanchez ressaltou também que os esforços estão surtindo efeito e, como exemplo, citou a implantação das recentes leis de Acesso à Informação Pública e Ficha Limpa.

Durante o debate foi apresentado o projeto inédito "Caravana da Cidadania". O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Henrique Ziller – que também preside o Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) –, lidera o programa, cujo objetivo é identificar os problemas nos postos de saúde a partir da ajuda de moradores e de informações nos bancos de dados. A execução da auditoria é feita em dois dias, sendo que o primeiro é destinado ao treinamento sobre as normas do serviço público e, o segundo, a um levantamento dos problemas encontrados em um relatório que serve como base para cobrar a Secretaria Municipal da Saúde.

TRANSPORTE PÚBLICO – O complexo esquema de fraudes está presente também em outros países. A coordenadora da Área do Governo da Argentina e Transparência, María Rosario Pavese, destacou que a precariedade e a insegurança nos transportes públicos é um dos graves problemas que preocupa a população daquele país. Ela relatou um acidente de trem que matou neste ano 51 pessoas e atribuiu o fato ao desvio de dinheiro público.

Ao final do encontro, os palestrantes reconheceram que o assunto está mais presente no cotidiano e que um dos grandes desafios é integrar mais pessoas às ONGs que trabalham no combate à corrupção, pois a democracia só será plena quando houver a participação em massa da população para fiscalizar e denunciar as fraudes.

EVENTO – A 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC) termina hoje, sábado (10), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A IACC acontece a cada dois anos e reúne líderes, acadêmicos e ativistas do mundo todo. Este ano, o Brasil foi escolhido o país-sede da conferência.

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Conferência internacional ocorre ao mesmo tempo em que STF retoma a dosimetria das penas do mensalão.

Em pleno julgamento do mensalão, Brasília recebe a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC, sigla em inglês).
O evento reúne agentes públicos, representantes da sociedade civil e empresas privadas de 135 países para compartilhar
experiências de combate à corrupção. “A corrupção é uma praga. Esse é um problema que precisamos trabalhar juntos para
combater de forma sustentável”, salientou a presidente da Transparência Internacional, Huguette Labelle.

Para o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage Sobrinho, o próprio julgamento do mensalão mostra que
mudanças estão ocorrendo. Apesar dos sete anos desde o início da Ação Penal 470, ele enfatiza que o processo foi rápido,
já que está ocorrendo em apenas uma instância, devido ao foro privilegiado de alguns acusados. “É um tempo recorde,
que mostra a independência do Judiciário. Não há precedentes para isso”, considerou ele, que, no entanto, assumiu que
ainda não é possível prever como isso afetará o comportamento dos políticos e de juízes de diferentes estâncias.

De acordo com Hage, uma das questões que o Brasil precisa resolver é a série de apelações e recursos que acabam
“eternizando os processos”. “Conversando com colegas de outros países, percebo que todos ficam impressionados com as
diversas possibilidades de apelação. Esse é um entrave terrível no combate à corrupção”, destacou.

Para o presidente do Conselho Administrativo da TI, Barry O’Keefe, é preciso fortalecer as instituições reguladoras
que denunciam as infrações e apontam para a punição. “A transparência no governo é fundamental, mas também é preciso
que as pessoas fiscalizem o poder público. Estamos aqui para melhorar a forma de divulgação dessas informações
públicas, porque quanto mais informações a população tiver, mais elas poderão fiscalizar o poder público”, frisou.

A Lei de Acesso à Informação do Brasil foi bastante elogiada por representantes internacionais, que enfatizaram que é
preciso formularam estratégias práticas para mudanças. “O que buscamos é unir esforços com cada vez mais clareza nas
informações, uma sociedade que fiscaliza e se mantém informada sobre os gastos públicos e agências que regulem as
ações”, ressaltou Barry O’Keefe.

A conferência é promovida pela Transparência Internacional (TI), organização não-governamental dedicada ao combate à
corrupção em todo mundo, e organizada pela Amarribo Brasil (representante da TI no Brasil) e pela Controladoria-Geral
da União (CGU), com o apoio do Instituto Ethos.

Ata sábado (10), serão discutidos temas ligados ao combate à corrupção em diversos setores, como em eventos esportivos
e futebol, sustentabilidade e meio ambiente, política, transição de governos, educação, agenda empresarial, saúde,
comunicação e mídias sociais, além da importância da mobilização popular e da ação coletiva.

“Os participantes farão importantes debates sobre boas práticas, compartilharão experiências e traçarão estratégias
comuns para o desenvolvimento de práticas de prevenção e combate à corrupção no Brasil e no mundo”, explicou o
presidente da Amarribo Brasil, Leo Torresan.

Fonte: Leia Já

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