Hora da Ação

“Estamos criando legados para as gerações futuras que podem se tornar incontroláveis. Precisamos literalmente de uma mudança de paradigma”.

Transmitido por vídeo para o público da plenária, a mensagem de abertura do diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, apresentou um desafio cruel durante o debate sobre a Rio+20: o mundo que estamos desenvolvendo é insustentável e é necessária uma mudança urgente.

A Rio+20 marcou “uma nova forma de lidar com os desafios do desenvolvimento sustentável”, disse Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil. Segundo ela, colocar a igualdade e a justiça como prioridades na agenda faz com que as preocupações econômicas sejam tão importantes quanto as preocupações com o bem-estar. Kumi Naidoo, da Greenpeace International, no entanto, questionou a capacidade da Rio+20 de gerar uma mudança real. Ele alertou que o tempo de agir já está passando e os resultados “não têm especificidade ou uma urgência real”. As questões vão além de uma reunião da ONU, ele argumentou, observando que “a falha está em um sistema de governança global que não funciona para a maioria das pessoas neste planeta”. É possível observar o progresso nos rápidos desenvolvimentos da tecnologia on-line. “A tecnologia tem transformado a transparência”, disse Manish Bapna do World Resources Institute. “Basicamente, ela nos conecta às pessoas de formas radicalmente diferentes”.

O tema da capacidade da tecnologia de promover a transparência ressurgiu na plenária especial da tarde, sobre a corrupção nos esportes. As plataformas de monitoramento on-line têm ajudado os cidadãos a acompanhar os custos com a Copa do Mundo, disse o Secretário Nacional para Futebol e Direitos do Torcedor, Luis Antonio Paulino, que mostrou alguns dos esforços que estão sendo feitos para os eventos esportivos internacionais do Brasil, livres de corrupção.

Essas iniciativas são vitais para que as pessoas acreditem nos jogos, disse o professor de esportes Simon Chadwick. Desde a marcação dos jogos até o doping e o crime organizado, as alegações de corrupção no esporte são bem documentadas e ameaçam destruir o prazer que as pessoas têm com os jogos. “O esporte é uma atividade onde não sabemos o que vai acontecer”, ele disse e continuou: “essa é a beleza do esporte, é por isso que gostamos dele e é o que está sendo corrompido”.

Com os custos dos eventos esportivos chegando a vários milhões e a aposta do mercado global aumentando, o risco de corrupção é alto. “As pessoas más sempre estão onde corre muito dinheiro”, disse Stanislas Frossard do Conselho da Europa. Para lutar contra esses problemas é necessária uma cooperação efetiva entre os países e os setores. “Governos, entidades desportivas, agências e aplicação da lei – é necessário reunir tudo isso. Nós precisamos fazer com que todas essas instâncias trabalhem juntas e bem”, disse o juiz observador Drago Kos, da UEFA/FIFA. “Se faltar uma dessas peças, a coisa não vai funcionar”.

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