Conferência internacional ocorre ao mesmo tempo em que STF retoma a dosimetria das penas do mensalão.

Em pleno julgamento do mensalão, Brasília recebe a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC, sigla em inglês).
O evento reúne agentes públicos, representantes da sociedade civil e empresas privadas de 135 países para compartilhar
experiências de combate à corrupção. “A corrupção é uma praga. Esse é um problema que precisamos trabalhar juntos para
combater de forma sustentável”, salientou a presidente da Transparência Internacional, Huguette Labelle.

Para o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage Sobrinho, o próprio julgamento do mensalão mostra que
mudanças estão ocorrendo. Apesar dos sete anos desde o início da Ação Penal 470, ele enfatiza que o processo foi rápido,
já que está ocorrendo em apenas uma instância, devido ao foro privilegiado de alguns acusados. “É um tempo recorde,
que mostra a independência do Judiciário. Não há precedentes para isso”, considerou ele, que, no entanto, assumiu que
ainda não é possível prever como isso afetará o comportamento dos políticos e de juízes de diferentes estâncias.

De acordo com Hage, uma das questões que o Brasil precisa resolver é a série de apelações e recursos que acabam
“eternizando os processos”. “Conversando com colegas de outros países, percebo que todos ficam impressionados com as
diversas possibilidades de apelação. Esse é um entrave terrível no combate à corrupção”, destacou.

Para o presidente do Conselho Administrativo da TI, Barry O’Keefe, é preciso fortalecer as instituições reguladoras
que denunciam as infrações e apontam para a punição. “A transparência no governo é fundamental, mas também é preciso
que as pessoas fiscalizem o poder público. Estamos aqui para melhorar a forma de divulgação dessas informações
públicas, porque quanto mais informações a população tiver, mais elas poderão fiscalizar o poder público”, frisou.

A Lei de Acesso à Informação do Brasil foi bastante elogiada por representantes internacionais, que enfatizaram que é
preciso formularam estratégias práticas para mudanças. “O que buscamos é unir esforços com cada vez mais clareza nas
informações, uma sociedade que fiscaliza e se mantém informada sobre os gastos públicos e agências que regulem as
ações”, ressaltou Barry O’Keefe.

A conferência é promovida pela Transparência Internacional (TI), organização não-governamental dedicada ao combate à
corrupção em todo mundo, e organizada pela Amarribo Brasil (representante da TI no Brasil) e pela Controladoria-Geral
da União (CGU), com o apoio do Instituto Ethos.

Ata sábado (10), serão discutidos temas ligados ao combate à corrupção em diversos setores, como em eventos esportivos
e futebol, sustentabilidade e meio ambiente, política, transição de governos, educação, agenda empresarial, saúde,
comunicação e mídias sociais, além da importância da mobilização popular e da ação coletiva.

“Os participantes farão importantes debates sobre boas práticas, compartilharão experiências e traçarão estratégias
comuns para o desenvolvimento de práticas de prevenção e combate à corrupção no Brasil e no mundo”, explicou o
presidente da Amarribo Brasil, Leo Torresan.

Fonte: Leia Já