Sábado, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher, e estamos celebrando as mulheres que lutam contra a corrupção ao redor do mundo.
Jovita José Rosa é diretora do MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, presidente do IFC – Instituto de Fiscalização e Controle, funcionária de carreira no DENASUS – Departamento Nacional de Auditoria do SUS.
O que motivou você a se envolver na luta contra a corrupção?
Há 21 anos trabalho com auditoria no SUS. Fiscalizando todo recurso repassado pelo Ministério da Saúde à estados e municípios. Quando concluímos um trabalho com desvios de recursos enviamos como uma Tomada de Contas Especial – TCE para o TCU que após 5, 8 anos ou mais aquele gestor não devolvia o dinheiro desviado era imputada uma multa de 2%. Com isso sentia uma sensação de desvalia e que poderíamos encher esse Brasil e fiscais, que se não mudasse algo na sociedade, de nada adiantaria meu trabalho.
Em 2004 encontrei pessoas que tinham as mesmas angústias minhas e numa discussão chegamos a conclusão que se não mobilizássemos a sociedade essa situação não mudaria. Assim, com a parceria da Amarribo, criamos o IFC – Instituto de Fiscalização e Controle e iniciamos um trabalho de conscientização um sonho utópico numa caravana “Todos contra a Corrupção” no projeto “Adote um município” e assim começou minha luta no combate a corrupção.
Em 2006 conheci o MCCE, que em plena CPI dos sanguessugas, vi como uma política pública como o SUS estava sendo utilizada para fins eleitoreiros, não tive dúvidas fui pra lá.
Em que áreas você atua? De que forma você combate a corrupção?
Hoje atuo no combate a corrupção na saúde, e promovendo o controle social em várias frentes: no controle do legislativo de Brasília no Projeto Adote um distrital, no projeto de iniciativa popular para a reforma política, Faço palestras em escolas e faculdades, sempre levando a cidadania, o controle social e o combate a corrupção.
A corrupção afeta homens e mulheres de forma diferente no Brasil?
Na minha experiência, trabalhando na auditoria do SUS, percebo que as mulheres são menos corruptas que os homens.
Ser mulher impacta de alguma forma sua atuação na luta contra a corrupção?
Acho que não impacta, apesar de que poucas mulheres fazem esse enfrentamento da corrupção.
Qual a importância da mulher nesta luta?
Essa luta é de todos os brasileiros e como nós mulheres somos a maioria e fundamentalmente, educadoras natas, o engajamento das mulheres tem muitas condições de trazer outros para essa luta.
Por fim, qual mulher te inspira a lutar contra a corrupção?
Minha Mãe. Que, analfabeta, que criou 14 filhos, lavava roupa pra fora para comprar livros para eu estudar, e dizia não querer para nenhuma das suas 7 filhas o mesmo destino dela.
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Este texto faz parte de uma série de entrevistas promovidas pela AMARRIBO Brasil em um especial para o Dia Internacional da Mulher, cujo objetivo é demonstrar a luta de mulheres contra a corrupção em todo o mundo.